Texto escrito com o apoio de Laura Tessi, jornalista “Donas do Jogo FC

Arrancou com impacto o Estudo Independente sobre o Futuro do Futebol Brasileiro. A Conferência Inaugural & Audiência Pública reuniu cerca de duas centenas de interessados no auditório do estádio MorumBIS, e proporcionou momentos de partilha relevantes e reflexões fundamentais sobre assuntos como a criação de uma Liga Profissional no Brasil.

Mauro Silva

Após as notas introdutórias de Marcio Carlomagno (Superintendente Geral, São Paulo FC) e de Mauro Silva (tetracampeão Mundial com a Seleção Brasileira, e Vice-Presidente da Federação Paulista de Futebol), Emanuel Macedo de Medeiros, Presidente e CEO da SIGA LATIN AMERICA e CEO Global da SIGA, fez uma apresentação detalhada dos objetivos a que se propõe com a realização do estudo comissionado pela Frente Parlamentar Pela Modernização do Futebol: demonstrar o papel social e a dimensão económica do futebol no Brasil, através do mapeamento do cenário atual; identificar forças, fraquezas, ameaças e oportunidades, com uma visão abrangente, coordenada e holística do futebol no País; identificar áreas chave que necessitam de reforma positiva, tendo em consideração as melhores práticas internacionais; e recomendar um conjunto de reformas adequadas para a formulação de políticas públicas, fornecendo soluções adequadas e de longo prazo.

Emanuel Macedo de Medeiros, coordenador do Estudo, anunciou que a segunda conferência se realizará em abril e terá por temas centrais “Estrutura, Profissionalização, Apostas Esportivas e Integridade Financeira”, e que entre maio e julho se realizarão Audiências Públicas Regionais.

Membros dos Comitês Permanentes

Em seguida, foram anunciados pela mestre de cerimônias Suleima Sena os membros de seis Comitês Permanentes da SIGA LATIN AMERICA, compostos por especialistas que serão importantes para a elaboração do Estudo.

Após uma pausa para o café, deu-se início à discussão do primeiro tema do dia: “A função social e o impacto econômico do futebol no Brasil”. A mediação ficou a cargo de Day Natale, repórter da Cazé TV, que facilitou o debate entre Denis Rodrigues (Chefe de Assessoria de Participação Social e Diversidade, Ministério do Esporte), Cleila Teodoro (Sócia, Arena ESG), João Paulo Medina (Fundador e Presidente do Conselho, Universidade do Futebol) e Michel Fauze Mattar (Especialista em Futebol e Indústria Esportiva, Coordenador de Projetos). Foram abordados temas como racismo, falta de preparo psicológico dos atletas desde cedo, entre outros assuntos relevantes.

Seguiu-se o primeiro momento de audiência pública e, logo após, o segundo tema do dia: “O futuro do futebol no Brasil: perspetivas dos jogadores e treinadores”. Mia Lopes, jornalista e CEO da Afroesporte, atuou como mediadora do debate entre Joaquim Evangelista (Presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol | Board Member, FIFPRO EUROPE), Marcos Boccanatto (Superintendente de Novos Negócios e Esportes Olímpicos do Sport Clube Corinthians Paulista e Presidente SITREFESP) e Sandra Santos (Treinadora de Futebol e Ex-Diretora de Políticas de Futebol e Promoção do Futebol Feminino do Ministério do Esporte). Foram discutidas questões como o aspeto psicológico dos atletas, o machismo e o racismo cultural que se refletem no campo de futebol, além de novas tecnologias e a modernização do futebol brasileiro em geral.

Semente da Liga ganha força com entendimento entre concorrentes…

Se participantes e oradores fizeram da hora de almoço um prolongamento da manhã de discussões, a verdade é que poucos terão ficado surpreendidos ao constatar que a parte da tarde da Conferência Inaugural e Audiência Pública manteve o ritmo e interesse.

O bloco vespertino abriu com “O Futuro do Futebol no Brasil: a Perspectiva dos Patrocinadores e Global Business”, moderado por Jaqueline Oliveira (coordenadora de Compliance do São Paulo FC), e com a participação de André Coutinho (Head of Advisory, KPMG Brasil), e João Pedro Paro Neto (Presidente do Conselho de Administração do Pacto pelo Esporte). Juntos debateram a visão das empresas patrocinadoras relativamente a dinâmicas e oportunidades de envolvimento com o esporte, incluindo o papel dos patrocinadores na promoção da integridade e do impacto social.

Sob moderação de João Ricardo Moreira (Editor-Chefe, CNN Esportes), Fred Justo (Coordenador-Geral de Monitoramento de Lavagem de Dinheiro e outros delitos ligados a apostas e jogos online, Ministério da Fazenda), Tiago Horta (Head of Integrity, Genius Sports) e José Francisco Manssur (Ex-assessor especial do Secretário Executivo, Ministério da Fazenda)  juntaram-se para debater um dos temas mais urgentes da atualidade no esporte – não só no Brasil, mas em todo o Mundo: “Apostas Esportivas: Legislação, Regulamentação e Integridade”.

Especialistas renomados na matéria, os três abordaram problemas e oportunidades relacionadas com o cenário regulatório do mercado de apostas esportivas, incluindo especial atenção à proteção dos consumidores e mecanismos para assegurar jogo responsável, evitando casos de dependência.

Após mais uma curta pausa para café, a Conferência Inaugural & Audiência Pública entrou no derradeiro ponto, “a Profissionalização do Futebol Brasileiro”. Emanuel Macedo de Medeiros abriu a discussão com uma palestra na qual mencionou a sua vasta experiência de mais de 30 anos de dirigismo associado ao futebol. Durante a carreira, o CEO Global da SIGA foi fundador e CEO das Europeias de Futebol, e das Ligas Mundiais. Participou, na qualidade de Membro, no Comitê de Futebol Profissional da UEFA, no Conselho de Estratégia do Futebol, foi membro do Conselho Estratégico do Futebol Profissional da UEFA e ainda do Comitê de Futebol da FIFA.

Macedo de Medeiros lançou para reflexão as primeiras ideias relativas à criação de uma Liga Profissional capaz de aglomerar e defender os interesses coletivos dos clubes brasileiros, deixando alertas à navegação e a certeza de que o País tem potencial para estar na liderança a nível mundial.

Seguiu-se um painel dedicado ao mesmo tema, com moderação de Chantal Pillet (especialista de integridade e sócia, Blanchet Advogados), e com a participação de André Sica (Sócio, CSMV Advogados), Roberto Armelin (Diretor Executivo de ESG, Riscos e Compliance, São Paulo FC), Fred Luz (Diretor Executivo, Alvarez & Marsal) e Fernando Monfardini (Compliance Officer, Atlético-MG).

A grande nota do dia acabou mesmo por sair deste painel, nomeadamente através do reconhecimento por representantes dos dois projetos de Liga (Libra e Forte) de que será inevitável os clubes entenderem-se e avançarem com um projeto de consenso. André Sica, com ligações à Libra, e Fred Luz, à Forte, dominaram a conversa, criando entre os participantes a convicção de que está mais próxima do que nunca a criação de uma Liga capaz de representar todos os clubes profissionais, ao invés de projetos fraturantes e concorrenes.

Roberto Armelin e Fernando Monfardini, que assistiam interessados à discussão entre Sica e Luz, acabaram por focar-se nas práticas de Boa Governança e compliance, afinal as suas áreas de expertise.

O impacto deste último painel amplificou a boa sensação deixada entre quem assistiu à conferência inaugural. Exemplo disso, as palavras de Eduardo Bandeira de Mello, presidente da Frente Parlamentar Pela Modernização do Futebol, na sessão de encerramento:

Foi uma reunião muito produtiva. Saímos daqui muito animados, porque o primeiro evento do estudo foi um sucesso, reuniu depoimentos extremamente importantes e inputs que vamos utilizar nas proximas fases.  Saio muito animado, mas também com a plena consciência do desafio que temos pela frente. Temos potencial enorme para resolver problemas do futebol brasileiro, mas também passivo muito grande para tentar resgatar”.

Emanuel Macedo de Medeiros, CEO Global da SIGA, fechou o evento com palavras de igual entusiasmo pelo reconhecimento coletivo de que os clubes terão de entender-se e criar uma liga única:

“Não havia melhor forma de fechar esta jornada intensa de reflexão, em que tantos pontos de vista foram partilhados. Sinto-me muito motivado, porque tivemos a comprovação de que há um sentimento consensual forte, pujante, crescente, que não se resigna com o estado atual das coisas e quer ver o progresso já. Não posso deixar de aludir ao que aqui escutámos. Dois blocos comerciais demonstraram que caminho é de união, de convergência, do que o futebol profissional tem de ser excecional para se poder dar resposta a desafios prementes e complexos. Sou até à medula um homem de ligas, e hoje digo que o futebol neste país tem futuro, tem rumo. Este é um momento único e irrepetível na história do futebol no Brasil”.

– FIM –

SOBRE A SIGA E A SIGA LATIN AMERICA

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